16 de novembro de 2011

BLOG DE TEOBALDO PEDRO DE JESUS

Gratidão ou Ingratidão?
Adaptado por: Pedro Felipe Carneiro de Jesus
O que é realmente a gratidão? Segundo o dicionário é o “reconhecimento por um benefício recebido; agradecimento”. Para avançarmos no nosso entendimento sobre esta palavra faz-se necessário consultar mais uma vez o léxico para extrairmos a significação da palavra “benefício”:
·        Benefício: serviço gratuito, favor, mercê.
A partir das duas definições mencionadas podemos esboçar a idéia (ainda não lapidada) de que a gratidão está condicionada à ausência de merecimento por parte de seu destinatário. Ora, se recebo algo em troca dos meus esforços ou como decorrência da fruição dos meus direitos, não há que se falar em gratidão.
Em resumo, se eu posso exigir, requerer ou esperar por algo, então não tenho um benefício e, consequentemente, não haverá também a gratidão, no sentido estrito da nossa definição acima.
Tendo em vista nossas conclusões acima, fica evidente que o nosso relacionamento com Deus só pode existir com base na gratidão. Deus nos deu o maior benefício que a história irá testemunhar: enviou o seu único Filho para morrer em nosso lugar.
Não havia méritos, direitos, esperanças, razões humanas ou qualquer outra coisa que justificasse tamanho sacrifício. O que havia era um Deus amoroso e misericordioso disposto a dar mais uma chance àqueles que aceitassem sua dádiva chamada graça, mesmo sabendo que, devido à nossa natureza pecaminosa, fatalmente falharíamos novamente.
         Mas o que pouco entendemos é o que é ter uma atitude de gratidão. O benefício obtido pelo sacrifício de Jesus é motivo mais que suficiente para adotarmos uma postura de constante agradecimento diante de Deus. Mas o que vemos cada vez mais hoje é uma inversão de valores, mais do que isso, uma inversão de papéis.
         Cristãos insatisfeitos e infelizes, constantemente questionando, murmurando e por vezes até exigindo bênção materiais, benefícios mesquinhos ou experiências ‘espirituais’ com o único propósito de satisfazer seu ego e jactância. A prova disso são reuniões abarrotadas quando se menciona a temática de bênçãos financeiras, curas e milagres, dons espirituais e profecias.
         Antes de prosseguirmos é importante deixar claro que desejar e buscar essas coisas não é algo reprovado por Deus. Pelo contrário, Ele mesmo nos disse “pedi e dar-se-vos á, buscai e achareis”. O problema reside na atitude ao pedir e no valor dado ao que se pede.
         Utilizemos o mesmo exemplo dado por nosso Mestre e por um instante imaginemos Deus como o Pai perfeito e nós como a criança que pede um pão. É inegável o desejo do Pai em atender ao pedido do seu filho amado. Mas se porventura este se dirigisse ao seu genitor de forma petulante dizendo: “Pai, eu exijo o que me é devido por direito, você tem a obrigação de me dar o que desejo, pois eu sou seu filho e a Tua lei me garante isso”? Ou ainda se o filho só se aproximasse do Pai no momento em que precisasse pedir algo?
         Enquanto o salmista se questionava sobre “o que daria ao Senhor pela sua salvação?”, o questionamento mais freqüente atualmente é “o que me daria o Senhor além da sua salvação?”. Uma palavra a mais muda todo o sentido de uma frase. Diria mais, uma palavra a menos muda todo o sentido de um relacionamento. E nesse caso, a palavra é gratidão.
         Quando removida do nosso relacionamento com Deus perdemos a noção de que é o sacrifício perfeito de Jesus. Paulo entendeu numa dimensão profunda o que isso significava. Sua atitude diante de Deus era a mesma tanto nos momentos de alegria e prosperidade quanto nos de angústia e sofrimento. Qual de nós estaria a louvar após uma sessão de espancamento com varas, algemados em uma cela úmida e fria? Isso sim é gratidão.
         Há ainda aqueles que relutam em receber o benefício da graça. Estão a todo tempo tentando obter algum mérito diante de Deus, buscando uma espécie de justiça própria, quer por meio das obras quer pela busca de uma ‘pseudo santidade’ que se traduz em religiosidade e farisaísmo.
         Tais pessoas não estão afeitas à idéia de gratidão, de uma atitude de humildade e reconhecimento por um benefício que não mereciam. Antes se deixam cegar pelo orgulho e se lançam numa espécie luta quixotesca na tentativa de “diminuir sua dívida” para com a graça. A idéia de que nada precisam fazer para receber o dom da salvação além da atitude de reconhecer o Senhor Jesus como único Senhor e Salvador parece simplória.
         Vivemos em um mundo individualista onde a idéia de ter de ser grato, de receber algo sem merecer (e, portanto, ficar “devendo uma”), causa repúdio e estranheza. Infelizmente esse pensamento tem adentrado sorrateiramente na soleira das nossas igrejas. Só que com relação a Deus, independência é morte!
         Não importa para qual desses dois extremos tenhamos nos desviado, Deus nos convida hoje para o retorno ao caminho da gratidão. Mais uma vez ele bate à porta, de maneira gentil e cortês, pacientemente esperando que compreendamos não se tratar de uma visita inconveniente, mas de um convidado de honra, a quem devemos nossa gratidão eterna.
         De todas as coisas que podemos oferecer a Deus a mais preciosa e mais difícil é a gratidão. Ouro, riquezas, homenagens, até mesmo o nosso tempo, são mais fáceis de ofertar. Mas se todas elas forem desprovidas de uma atitude de agradecimento perdem de todo o seu valor.
         Dedico essas poucas palavras Àquele que me ama desde a eternidade, de Quem procede toda sabedoria, honra e glória: Jesus Cristo.

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