30 de maio de 2012

ABNEGAÇÃO

       A evolução espiritual é um fenômeno bastante complexo,
que se dá em sucessivas fases.
         No começo, predomina a natureza corpórea.
         Dominada pelos instintos, a criatura dedica seu tempo e seu interesse
a atividades comezinhas.
         Comer, vestir-se, abrigar-se, procriar e cuidar da prole, eis a que
se resumem suas preocupações.
         Nesse período, o egoísmo é marcante.
         Os instintos de conservação da vida e da preservação da espécie
têm absoluta preponderância.
         Com o tempo, o ser começa a desvincular-se de sua origem.
         A inteligência se desenvolve, o raciocínio se sofistica e o
senso moral desabrocha.
         As invenções tornam possível gastar tempo com questões não
diretamente ligadas à sobrevivência.
         Viver deixa de ser tão difícil, sob o prisma material.
         Em compensação, começam os dilemas morais.
         Com a razão desenvolvida, a responsabilidade surge forte nos caminhos espirituais.
         O que antes era admissível passa a ser um escândalo.
         A sensibilidade se apura e a criatura aspira por realizações intelectuais e afetivas.
         Essa nova sensibilidade também evidencia que o próximo é seu semelhante, com igual direito a ser feliz e realizado.
         Gradualmente se evidencia a igualdade básica entre todos os homens.
         Malgrado possuidores de talentos e valores diversos,
não se distinguem no essencial.
         Uma chama divina os anima e a todos conduzirá aos maiores cimos da evolução.
         Contudo, o abandono dos hábitos toscos das primeiras vivências não é fácil.
         Séculos são gastos na árdua tarefa de domar vícios e paixões.
         As encarnações se sucedem enquanto o Espírito luta para ascender.
         O maior entrave para a libertação das experiências dolorosas é
o egoísmo, que possui forte vínculo com o apego às coisas corpóreas.
         Quanto mais se aferra aos bens materiais, mais o homem demonstra pouco compreender sua natureza espiritual.
         O Espírito necessita libertar-se do apego a coisas transitórias.
         Apenas assim ele adquire condições de viver as experiências sublimes
a que está destinado.
         Quem deseja sair do primitivismo deve combater o gosto pronunciado
pelos gozos da matéria.
         O melhor meio para isso é praticar a abnegação.
         Trata-se de uma virtude que se caracteriza pelo
desprendimento e pelo desinteresse.
         A ação abnegada importa na superação das tendências egoístas do agente.
         Age-se em benefício de uma causa, pessoa ou princípio,
sem visar a qualquer vantagem ou interesse pessoal.
         Certamente não é uma virtude que se adquire a brincar.
         Apenas com disciplina e determinação é que ela se incorpora ao caráter.
         Mas como ninguém fará o trabalho alheio, é preciso principiar em algum momento.
         Comece, pois, a praticar a abnegação.
         Esforce-se em realizar uma série de atitudes com foco no próximo.
         Esqueça a sua personalidade e pense com interesse no bem alheio.
         Esse esforço inicial não tardará a dar frutos.
         O gosto pelo transitório lentamente o abandonará.
         Ele será substituído pelos prazeres espirituais.
         Você descobrirá a ventura de ser bondoso, de amparar os
caídos e de ensinar os ignorantes.
         Esses gostos suaves e transcendentes o conduzirão a
esferas de sublimes realizações.
         Pense nisso!!

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