Excelente texto do amigo Ronaldo Figueira.
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Temos muito a
aprender com nossos irmãos afro brasileiros que foram retirados da Africa e
vieram ao Brasil na degradante condição de escravos.
Hoje, pode-se ouvir os tambores do além ecoarem um grito de liberdade e
vitória.
Mas quanto a nós, será que possuímos também nossas amarras e vivemos
acorrentados em
uma grande turbulência que pode ser chamada de senzala?!
Pois, bem, convido-vos a refletir sobre o assunto.
A sabedoria de um negro velho mirongueiro nos ensina que para nos desprendermos
daquilo
que nos acorrenta, devemos lutar para não nos tornarmos escravos de
nossos próprios
desejos.
O desejo; eis o seu senhor, seu feitor.
Aquele que lhe desfere os golpes de chibata e deixa marcas que jamais serão
removidas.
O gosto pelo perigoso, pelo proibido e sensual, nos projeta a uma ilusão de
satisfação que
não demora a nos jogar nas grades da realidade. No entanto,
bradamos por liberdade,
queremos conquistas e vitórias.
Conquistas; seja no aspecto espiritual, sentimental ou profissional, só se
concretizam para
aqueles que são livres. Libertos de seus cativos sentimentos
de culpa.
O auto perdão é uma das chaves que temos para abrir o cadeado da ignorância e
nos fazer
respirar ares de liberdade consciencial.
Mas para tanto, precisamos fazer um autoexame, a fim de identificar o objeto de
nossos
desejos. Há quem diga que só desejamos aquilo que não temos. Assim
sendo, será que vale
a pena qualquer esforço para ter algo que poderá nos
satisfazer por tão pouco tempo?!
Todos anseiam por uma vida digna, isto é, equilíbrio material, paz de espírito,
um grande
amor e muita felicidade. Entretanto, estamos sempre batalhando por
conseguir algo que
possa completar uma felicidade que demora a chegar e não
tarda a ir-se embora.
A vida exige de nós atitudes corajosas. Mas no mundo em que vivemos os
conceitos acabam
se invertendo e entendemos que coragem é partir rumo ao
perigoso e desconhecido mundo
das paixões. É se entregar aos sentimentos objeto
de nosso desejo.
A vida é tão simples e nós, seres humanos, somos tão complicados. Complicamos
tanto e
fazemos com que nossos caminhos se fechem em uma senzala espiritual.
Nosso ser nos faz
reféns de nós mesmos. E quanto mais nos debatemos, mais
parece que se apertam as
correntes.
Não é fácil ser simples. Não é fácil superar os desejos e
controlar a si mesmo rumo a uma vida dedicada ao espírito e suas verdades. A
carne nos faz
cairmos nas ilusões de que ser feliz é saciar todos os desejos
que um mundo mortal pode nos
dar. O resultado disso é uma prisão criada por nós
mesmos. Uma verdadeira senzala.
Usemos o exemplo dos negros velhos afro-brasileiros, que superaram as dores do
cativeiro.
E hoje, tocam os tambores no além, bradando um grito de liberdade,
exemplo a ser seguido
por nós.
Que todos nós possamos nos libertar.
Ronaldo Figueira.
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